Introdução - O que é Terra Preta de Índio



 

O Que significa fazer Terra Preta de Índio.

Fabricar a Terra Preta de Índio (TPI) não significa apenas colocar o carvão no solo, o carvão vegetal será benéfico para o solo com o passar do tempo, mas o carvão precisa ser ativado com microrganismos e absorver água com nutrientes para realmente fazer efeito na produtividade, muitas vezes demorando um ou dois anos para chegar ao nível de maturação necessário se for aplicado diretamente no solo.

Os nutrientes que na maioria das vezes são lavados pela água, ficam retidos no carvão que absorve esses nutrientes como uma esponja e serve também de ambiente para o crescimento de fungos e bactérias que auxiliam na saúde do solo e decomposição da matéria orgânica.


O que é a Terra Preta de Índio?

É a terra antropogênica da Amazônia, criada pelas civilizações indígenas que viveram ali pela adição de carvão vegetal, pedaços de cerâmica e matéria orgânica ao solo pobre e acido da Amazônia, sendo considerada a terra mais produtiva do mundo, se mantendo produtiva mesmo durante o uso contínuo e por longos períodos de produção agrícola.

A cobertura de Terra Preta de Índio é encontrada em pequenas áreas que anteriormente estavam ocupadas por humanos, distribuídas por toda a Amazônia, variando em sua composição de um local para o outro, tendo de 20 centímetros a 2 metros de profundidade, em muitos locais chegando a mais de 4 mil anos de idade.

A Terra Preta de Índio não existe apenas na Amazônia, é uma técnica de transformação do solo conhecida por quase todas as antigas civilizações indígenas da América, como Maias, Incas, Tiwanacotas, Toltecas, Olmecas e Astecas, a disponibilidade de matéria-prima e o clima de cada região é muito variado, criando assim muitas formas diferentes e extremamente eficientes de transformar e aumentar a fertilidade da terra com a adição de carvão vegetal e resíduos orgânicos.



Como transformar o solo em Terra Preta de Índio.


Existem varias formas de converter o solo em Terra Preta de Índio (TPI), a técnica depende do tamanho da área que se quer transformar, é possível fazer a conversão diretamente no solo ou usar compostagem com carvão e cinzas que irão absorver todos o nutrientes, assim aplicando o composto pronto e ativado no solo.

Também é possível adicionar outros adubos e fertilizantes tradicionais que sejam necessários diretamente ao carvão antes de aplicá-lo no solo, nos primeiros anos é vantajoso fazer a manutenção do solo com uma aplicação anual de carvão e cinzas misturado a compostagem e os fertilizantes necessários, dessa forma carregando novos nutrientes no solo e corrigindo a falta de qualquer componente especifico.

Para fabricar o carvão vegetal, realiza-se a queima controlada com pouco oxigênio cobrindo a matéria-prima de terra, ao realizar a queima dos materiais, uma cobertura mais fina de terra causará a entrada de mais oxigênio, ou seja o resultado será um volume maior de cinzas na mistura, e para saber se deve fazer a queima com mais ou menos oxigênio, antes é necessário conhecer o solo que vai ser convertido em TPI, pois as cinzas são alcalinas e se o solo for muito alcalino o excesso de cinzas pode prejudicar a produtividade.

Atenção! Ao utilizar Terra Preta de Índio em vasos de plantas ou canteiros onde o volume de terra é muito pequeno, alguns cuidados especiais devem ser tomados:

- Colocar cascalho ou pedras no fundo do vaso ou do canteiro, facilitando a drenagem da água, isso é importante pois a TPI armazena mais água que o solo comum, dessa forma evitando o apodrecimento de raízes.

- Em vasos que não possuem cascalho no fundo, a drenagem da água é mais difícil, não se deve usar prato ou qualquer forma de armazenar água abaixo do vaso.

- Deixe a terra secar e arejar um pouco antes de cada rega, pois muita água vai apodrecer o adubo e as raízes das plantas e pode facilitar o surgimento de larvas e insetos prejudiciais. 

 

Pesquisa e Experimentação

Este manual foi construído a partir da minha experimentação direta com as técnicas obtidas na pesquisa realizada com os indígenas em minhas viagens pela cordilheira dos Andes e Amazônia, no Brasil, Argentina, Bolívia e Peru, chegando até a antiga cidade Inca de Machu Picchu, onde os terraços de plantio Inca continuam extremamente férteis e produzindo alimentos até hoje, mesmo sendo utilizados continuamente por centenas de anos.

Ainda existem muitas pequenas comunidades indígenas na Cordilheira dos Andes e na Amazônia Peruana e Boliviana que utilizam essas técnicas variadas, e devido ao solo extremamente pobre em nutrientes que muitas vezes é arenoso e salobro, dependem da transformação do solo com carvão vegetal e resíduos orgânicos, como única alternativa para poder cultivar seus alimentos. 

 

 Autor: Carlos Zemek

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